Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.
Uma palavra calda
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...
- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
- e um dia me acabarei.
Cecília Meireles
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.
Uma palavra calda
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...
- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
- e um dia me acabarei.
Cecília Meireles
Um comentário:
O ser mulher enche e esvazia o cálice. É a arte maliciosa que carrega e cativa vida.
No mundo real de sombras e ilusões, se violentam e se perdem, vislumbrando um não ser. Querem conquistar, mas descuidam do manto de seda que as envolvem.
Ah! As mulheres que nos habitam: invasoras, armipotentes, desveladas, apaixonadas... Bradam e silenciam em busca do caminho que lhes levem ao encontro dos céus...
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