quarta-feira, 18 de abril de 2012

Espalha Fatos - Do fundo do baú


Dizem que recordar é viver... Não acreditava muito nisso até que um dia desses conversando com a amiga Viviane Morais sobre a reativação do blog “Lá In Nóis”, ela me falou que tinha algumas cópias de um antigo jornalzinho que fazíamos na CNEC de Caririaçu e que tinha o sugestivo nome de “Espalha Fatos”. Fiquei muito alegre até a mesma, em nova conversa, me dizer que não encontrava mais as cópias dos mesmos, ai foi uma frustração: era como se um pedaço de nossas histórias naquela escola de vanguarda estivesse para sempre perdido, e com ela parte também da história de nossa comunidade. Mas lembramos que Adaury Monteiro, nossa colega de trabalho naquela unidade tinha o saudável hábito de guardar tudo referente aquela instituição. Viviane caiu em campo e Adaury possuía alguns exemplares. Portanto, vamos a partir de agora recorda um pouco daqueles tempos idos. Graças a essas duas pessoas, Viviane que pensou a idéia e Adaury que arquivou um pedaço de nossa história com tanto zelo e carinho.

Falar desse jornal é falar um pouco de nossas vidas. Naquela época eu lecionava Filosofia e Sociologia na CNEC e como parte das inúmeras atividades daquela escola surgiu a idéia de fazermos um pequeno jornal de circulação restrita na cidade já que não tínhamos recursos financeiros. Anteriormente o jornal da escola era feito em uma folha de cartolina, escrito à mão mesmo, idéia do professor Bento Abreu e levava dias para ser confeccionado. Nessa nova versão já contávamos com um potente computador IBM 386 e que deu um novo visual ao jornal. Sei que vão rir disso, mas é verdade. O nome do jornal partiu de uma sugestão do professor Valdir Pereira, então aluno do curso de letras da URCA e lá eles tinham um jornal com o mesmo nome, em reunião adoramos o nome. A participação de vários alunos foi fundamental para tornar a ideia uma realidade, aliás naquela escola a palavra "equipe" tinha outro significado bem mais forte, podemos destacar suscintamente: Viviane Morais, Débora Rodrigues, Daniella Freitas, Maria Aquino, nossa artista de plantão e que fazia todas as ilustrações e por ai vai, era muita gente, muita mesmo. Vamos falar de todos no momento oportuno.

As reportagens retratavam a vida da época, óbvio. Viviamos sob a administração do Sr. José Hildon Morais, e diversas reportagens tratam dessa situação política. Parece que a história teima em se repetir. Vou deixá-los com a primeira página do jornal n° 2, ainda estamos procurando o número 1. A primeira reportagem com o título “Caririaçu: o caminho para a falência” faz uma pequena análise crítica desse período. Fico pensando se isso seria possível nos dias atuais, sem sermos acusados de querer voltar ao passado. Sinceramente falando creio que o viés é outro: observando agora o passado é justamente para lá que não queremos ir de forma alguma. A segunda reportagem, "De quem é esta terra?" trata da proliferação das drogas em nossa comunidade. Ainda éramos inocentes, a droga mais letal que havia aqui era a maconha, isso em pleno 1995.

Enfim, isso é só um aperitivo. O jornal era muito dinâmico tinha até umas estorinhas em quadrinhos com personagens locais, como o saudoso Zé Pezim (O Matchutão) e o artista Joãokior, na época Joãochior.


Boa leitura.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

A origem do nome "Caririaçu"


          Uma de minhas grandes curiosidades era quanto à origem do nome de nossa cidade “Caririaçu”, que até bem pouco tempo, ainda era possível ver escrito com duas grafias: Caririaçu e Caririassu; mas que com o passar do tempo prevaleceu a primeira. De qualquer forma, sempre me perguntava como e quando surgiu a mudança e também o seu significado. Por muito tempo, isso era um verdadeiro mistério, até a leitura do livro do Sr. Raimundo de Oliveira Borges, Serra de São Pedro – História de Caririaçu (Esboço Histórico). Na citada obra o autor relata a origem de nosso nome e é possível descortinar um pouco do processo histórico que o originou através de uma carta do Sr. Aderson Borges de Carvalho, lançado luz sobre o episódio.
          Não sou saudosista, até porque quando aqui nasci, essa cidade já se chamava Caririaçu, cresci sob a sombra desse nome, que pra mim, é muito agradável. Então já aviso logo, este texto não tem a pretensão de uma volta ao passado, às origens da volta do nome, não se trata disso. Trata-se apenas de um esclarecimento histórico, justamente para entender tais origens. Passamos recentemente por tantas mudanças de nomes nas localidades da zona rural, só pra citar como exemplo, a mudança do sitio Chucalho, para Santa Cruz, Cobras para Santo Antonio e tantos outros que já nem me lembro com clareza, que nos deixam desnorteados na maioria das vezes.
          Mas toda mudança tem uma origem e um determinado fim. Tentava entender a origem e a finalidade dessa mudança de nome da nossa cidade. Creio ter começado a entender melhor. É pena que se ache tão poucas referências históricas sobre esses episódios. Mas também, não sou historiador, não é minha área, não sei nem como começar uma pesquisa desse porte, enfim sou apenas um curioso. Mas, fica aqui o registro que encontrei. Quem tiver mais informações e quiser colaborar seja bem-vindo. Segue abaixo as passagens em que o Sr. Raimundo de Oliveira Borges fala em seu livro sobre a mudança de nome, bem como também as explicações enviadas pelo Sr. Aderson Borges de Oliveira, por carta ao autor do livro. Reproduzo inicialmente o texto do Sr. Raimundo e em seguida o do Sr. Aderson. No livro a ordem é inversa.

"Capítulo IV
TOPONÍMIA INDÍGENA
          A mudança do nome do município de São Pedro do Cariri (Decreto-Lei N° 1.144, de 30-12-1943) não foi muito bem recebido pela população e continua sendo ainda hoje.
          Prefere o de São do Cariri, permanecendo na esperança da volta do antigo nome, como aconteceu com Santonópole, que não aceitou a inovação que lhe impuseram e voltou a ser como era antes do gosto do povo Santana do Cariri.
          O nome de São Pedro do Cariri foi dado pela Lei N° 1541 de 21-08-1918, in verbis:
 
‘Muda para São Pedro do Cariri o município e vila de São Pedro do Crato.
O povo do Estado do Ceará, por seus representantes, decretou e eu promulgo a seguinte lei:
Artigo Único – Fica mudado para São Pedro do Cariri o nome do município e vila de São Pedro do Crato, revogadas as disposições em contrário.
Palácio da Presidência do Ceará, em 27 de agosto de 1918 – João Thomé de Saboya e Silva, J. Saboya de Albuquerque.’

          Veio a de 1943 e mudou para Caririaçu.
          RENATO BRAGA, na sua citada obra, página 297, aduz que Caririaçu é o ‘nome de uma tribo indígena que pervagava por essas paragens.’
          Não me parece procedente a afirmativa, porque não há notícia de haver perambulado por essas bandas nenhuma tribo com esse nome.
          A Serra, ao contrário, foi habitada pelos índios Cariris, consoante ficou substancialmente esclarecido no Capítulo 1° deste trabalho.
          Inclino-me ao que a respeito se encontra em ‘REGIÃO DO CARIRI’, obra já referida, de que Caririaçu vem ‘de cariri ou kiriri, calado, taciturno, e assu, sufixo aumentativo’ (página 59).
         Aliás, embora se escreva no final açú (sic) ou assu, indistintamente, a preferência vem sendo pelo primeiro, tanto que o próprio decreto que operou a mudança o perfilha.
         Da Serra de São Pedro, principalmente do lugar ‘Paraíso’ – bairro da sede – alcança-se toda a vasta região do Cariri, inclusive, para o sul, as cidades do Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, a fimbria azul do horizonte para as bandas de Milagres, Abaiara, Porteiras e Brejo Santo, e, para o norte as serranias que se dilatam rumo aos municípios de Granjeiro, Aurora e Lavras da Mangabeira.
        Provavelmente foi isto, foi essa visão distendida da Serra, abraçando a vasta região caririense que levou o legislador a dar ao município a denominação de Caririaçu Cariri Grande, dos indígenas.
Mas o que agrada, o de que o povo serrano gosta mesmo é São Pedro do Cariri, nome este que todo mundo nota com que prazer ele o pronuncia.
         Uma das grandes virtudes, ou características, do caririense, é o orgulho de pertencer e ser conhecido como filho desta região. Daí a inconformação daquelas localidades sitas aqui que, sem razão plausível, perdem a sua toponímia tradicional, ou que lembra as suas profundas raízes étnicas, mesmo que a nova polidamente as relembre, e, por isso, porfiam na sua recuperação, adotando a mudança só por obediência, mas não por adesão espontânea.
         Nenhuma composição musical popular expressa melhor, ou mais fielmente, esse sentimento de amor e de apego do caririense a esta gleba do que aquela em que o filho da terra premido pelos rigores da seca, resiste, não obstante, e ficando os pés, brada... ‘só deixo o meu Cariri no último Pau de Arara.’"

Borges, Raimundo de Oliveira - Serra de São Pedro - História de Caririaçu (Esboço Histórico) - Fortaleza: ABC Editora, 2009 (pág. 57 - 59)

         (...)
         Do seu trabalho muito teria que dizer sem a verdade de critica, que não sou do ramo, mas por motivações que ele me desperta na esfera sentimental, pois muitas de suas páginas alcançam-me no tempo, fazendo-me testemunha da história. Enalteço por isso a evidência de seu posicionamento diante dos fatos: imparcial no julgamento e prudente nas interpretações. Houve-se como se não fora um dos protagonistas da história em tempo recente, como político atuante e crítico ardoroso da sociedade em que viveu. A paixão não deve ter morada no coração de quem se propõe a zelar a história. E no seu livro, em momento algum, há vestígios de passionalidade, fato nem sempre constatado em alguns dos mais conhecidos historiadores e cronistas regionais.
         A prudência a que me referi é meriadiana quando discorda de RENATO BRAGA: ‘não me parece procedente a afirmação porque não há notícias de haver perambulado por estas bandas nenhuma tribo com esse nome,’(Caririaçu).
         Não admitindo, prudentemente, a existência dos Índios Cariris-Açu – acerta em cheio no que teria sido a intenção do legislador ao dar ao município o nome de CARIRIAÇU.
         Digo, teria sido a intenção do legislador, porque este, lá de fora, realmente teve a norteá-lo apenas as sugestões que lhe foram apresentadas pela Prefeitura e pela Agência municipal de estatística. Essas sugestões foram colhidas de pessoas esclarecidas que à época viviam no município, entre estas o missivista, e enviadas para o antigo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Sua ausência no município na época justifica não o ter sido consultado e contribuído decisivamente para a mudança do nome da sede e dos distritos que eram somente Junco e Todos os Santos.
         Solicitado por ‘seu Carrim’ então prefeito e por Carlinho Amaro, agente da estatística, ofereci sugestões para mudança do nome de São Pedro e Todos os Santos, para São Pedro sugeri: IGAÇABA (alusão às urnas encontradas nos alicerces da atual Igreja matriz, cerâmica indígena); PARAÍSO (referência ao aprazível sítio próximo ao núcleo urbano e hoje florescente subúrbio) e finalmente CARIRIAÇU, como a intenção que o Sr, atribui ao legislador, exatamente porque do alto da serra de São Pedro, no Paraíso, no Flor, no Bico da Arara, numa centena de diferentes pontos, sobrepostos ao Cariri, plano ou pouco acidentado, aqui de baixo, temos amplos e magníficos belvederes feitos caprichosamente pela natureza, dominando numa ampla visão, encantadora paisagem. Para Todos os Santos sugeri MIRAGEM, tendo em vista que embora a palavra significando ‘ilusão enganadora’ contraste com a vitalidade econômica do distrito – daquele ponto na época do verão julgamos os horizontes mais distante do que realmente o são, numa ilusão de ótica que poder-se-ia dizer se assemelha à miragem dos desertos. Quanto ao distrito de Junco, sugestão para Granjeiro foi do Anísio Farias, homenagem à tradicional família daquela gleba.
         Essas mudanças toponímicas dos municípios brasileiros e seus distritos visavam entre outras coisas evitar o extravio de correspondências que endereçadas a uma cidade iam ter a outras, fato que constateis quando substitui extra-oficialmente a agente postal Isabel de Freitas. Sobre o assunto creio que boa fonte de informação é a ‘Revista Brasileira de Geografia e Estatística’, edição da época.
         Sobra-lhe tato e sensibilidade para afirmar que não gostamos do nome CARIRIAÇU dado à nossa terra. Não fora por exigência da lei em pleno Estado Novo, certamente ainda teríamos hoje o adocicado nome de São Pedro do Cariri.(...)

Borges, Raimundo de Oliveira - Serra de São Pedro - História de Caririaçu (Esboço Histórico) - Fortaleza: ABC Editora, 2009 (pág. 25 - 27)

terça-feira, 3 de abril de 2012

Capítulo II - A Arte da Guerra

Essa vai diretamente pro povo que tá lendo o livro. Pelas minhas contas consegui 4 leitores. Uma dádiva.

Capitulo II – Gerenciamento da Guerra
Sun Tzu disse:
Quando você enviar as tropas para uma batalha, você deverá considerar que necessitará de mil carruagens velozes de guerra e mil carruagens pesadas de guerra, além de cem mil soldados.
Provisões necessáriasVocê necessitará de muitas provisões para esta força cobrir uma distância de mil li (mil li = 100 km). Você gastará, também, mil barras de ouro por dia para a despesa do Estado e no campo de batalha, incluindo enviados ao exterior e conselheiros; materiais como cola e laca, carruagens e armaduras. Depois que você tiver bastante dinheiro, seus cem mil corajosos guerreiros poderão sair para batalhar.

Campanha prolongada = recursos insuficientesEm operações militares, procure uma vitória rápida. Com o prosseguimento das ações as armas ficarão desgastadas, as provisões insuficientes e as tropas desmoralizadas. Uma batalha longa entorpece o exército, umedece o espírito e o entusiasmo dos soldados. Se você sitiar uma cidade fortificada, terá suas forças esgotadas. Se o seu exército for mantido muito tempo em campanha, as reservas do Estado serão insuficientes.
E depois, quando você tiver com suas forças desgastadas, com suas provisões insuficientes, com suas tropas desmoralizadas e com seus recursos exauridos, os governantes vizinhos tirarão proveito desta situação e obterão vantagens para atacá-lo. E você, neste caso, mesmo contando com os mais ilustres e sábios conselheiros não conseguirá garantir um bom resultado na batalha.
Prosseguimento das ações = Provisões insuficientes = Tropas desmoralizadas = Forças esgotadas = Ataque dos estados vizinhos

Embora já tenhamos ouvido falar de campanhas precipitadas e imprudentes, nós nunca tivemos um exemplo de benefício no prolongamento das hostilidades, tampouco, ouvimos que uma guerra demorada pudesse beneficiar um país.
É óbvio que aquele que não compreende os perigos inerentes das operações militares não está profundamente consciente da maneira de como tirar proveito disto.
Um comandante que domina a arte da guerra não convoca suas forças mais de uma vez, nem solicita provisões repetidamente. Ele conduz o material e as provisões necessárias e faz uso das provisões do inimigo. Assim, ele terá o necessário para alimentar o seu exército.

Custos da guerra
Geralmente, o Estado fica empobrecido quando envia suas tropas para empreender uma guerra em local distante. Manter um exército a uma longa distância empobrece o povo. Onde este exército, que está longe de sua terra, estiver estacionado, os preços de artigos subirão; e o preço alto esgotará os recursos financeiros do Estado. Quando os recursos do Estado estiverem se exaurindo, os impostos tenderão a aumentar para sustentar este exército que luta longe de sua terra.
Toda a força do estado será consumida no campo de batalha. Ao final, setenta por cento da riqueza das pessoas será consumida e sessenta por cento da renda do Estado será dissipada, com carruagens quebradas, cavalos fora de combate, armas danificadas, inclusive armaduras e elmos, arcos e flechas, lanças e escudos, rebanhos, carroças de provisões. Toda a força do estado será consumida no campo de batalha.

Obtenção das provisões
Conseqüentemente, um chefe sábio deve se esforçar para obter as provisões no solo inimigo. O consumo de um zhong de comida do inimigo é equivalente a vinte zhong da própria terra; e o consumo de um dan de forragem do inimigo equivale a vinte dan dos seus.
Administração dos despojos e bens capturados
- Se você quer matar o inimigo, você tem que despertar o ódio de seus soldados; se você quer obter a riqueza do inimigo, você tem que saber administrar a distribuição dos despojos.
- Se seu exército captura dez carruagens em uma batalha, você tem que recompensar o primeiro que lhe levou a carruagem do inimigo.
- Substitua as bandeiras e estandartes do inimigo por suas próprias bandeiras e misture as carruagens capturadas com as suas.
- Ao mesmo tempo, você deverá tratar bem os soldados aprisionados.
As operações militares devem ser conduzidas para uma vitória rápida e não como campanhas prolongadas.
Então, o chefe que está versado na arte de guerra, torna-se o senhor para determinar o destino das pessoas e controlar a segurança da nação.
Aqui posso colocar textos mais longos. Boa leitura.

Tirando onda de Escultor

A fotografia é, no meu entender, uma forma de arte muito elevada. Mas nada impede que eu busque outras formas de expressão. Pois bem andei tentando escultura em argila. Na verdade esculturas de faces de pessoas retiradas com moldes de alginato, e posteriormente passados para argila. Ainda não acertei a mão, aliás, acho que tá é longe, mas ai temos o primeiro resultado dessa experiência com barro. Espero que gostem. Préa não gostou nada, disso que parecia coisa de defunto, rsrsrs... Mas eu gostei.