"Ana deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Capítulo IX - Do Domínio Real - Rousseau (Fim do L...":
Querido amigo Dedé,
Gostaria de fazer um pedido, não sei se procede...
Já me vi várias vezes tentada a comprar o livro que você nos oferece em capítulos neste inteligente blog, mas, acho interessante conhecer assim de forma mais lenta e minuciosa tal obra. Então acho que vou protelar a compra do livro para o final das sua publicações aqui neste meio.
Meu pedido é o seguinte: gostaria de ter uma apresentação de todo o livro, em quantas e quais partes é o mesmo dividido. Isto somente para termos uma idéias do que vem pela frente. Quando leio um capítluo sempre fico esperando o próximo com ansiedade.
Um abraço!
Postado por Ana no blog Nosso Mundo (Lá In Nóis) em 5 de Outubro de 2007 11:49"
Cara Ana,
O livro que estou utilizando é um volume de uma coleção chamada "Os Pensadores" da Editora Nova Cultural, edição de 1999. O volume é Rousseau 1. E também o Livro Discurso sobre economia política e Do contrato social, tradução de Maria Constança Peres Pissarra, da Editora Vozes, edição de 1995, também parte de uma coleção maior chamada: Clássicos do pensamento político.
Considero o primeiro melhor que o segundo. Vamos às suas considerações: O Contrato Social é dividido em quatro livros. No primeiro deles Rousseau faz um ataque direto e sem considerações iniciais sobre o problema que sempre o preocupou: positivar qual o fundamento legítimo da sociedade política. No segundo livro discute as considerações e os limites operacionais do poder soberano. Em seguida, no terceiro e mais longo dos quatro livros, Rousseau tece considerações sobre a forma e o funcionamento do aparato governamental, e no último e quarto livro, com excessão do capítulo inicial que faz uma conclusão do livro três, é dedicado a uma série de estudos sobre os sufrágios, as assembléias e certos órgãos e funções governamentais complementares. Este é um esboço geral do livro Do Contrato Social.
Eu havia deixado propositalmente de tecer comentários acerca dos escritos de Rousseau até o término do livro I que ocorreu com a postagem do Capítulo IX - Do Domínio Real. Achei que seria mais prudente iniciarmos, primeiro com uma leitura do Livro Primeiro e só então adentramos aprofundadamente no pensamento do autor. Vejo que talvez não tinha sido um caminho interessante; corrigiremos isso nas próximas leituras. Mas façamos um apanhado de todo o Livro I.
Rousseau inicia o livro I com uma breve advertência que inadvertidamente omiti, mas aqui vai na íntegra:
'ADVERTÊNCIA
Este pequeno tratado foi extraído duma obra mais extensa, outrora iniciada sem que houvesse consultado minhas forças e de há muito abandonada. Dos vários trechos que se podiam tomar ao que estava feito, este é o mais considerável e pareceu-me o menos indigno de ser oferecido ao público. O resto não mais existe.'
Essa obra mais extensa a que o autor se refere era o plano das "Instituições Políticas" posteriormente abandonado por Rousseau. Então o primeiro livro abre-se, após esta advertência, com uma introdução onde se diz que o tratado tem a finalidade de 'indagar se pode existir, na ordem civil, alguma regra de administração legítima e segura, tornando os homens como são e as leis como podem ser'. Segundo Lourival Gomes Machado, é necessário evitar 'armadilhas interpretativas' em expressões como 'regras de administração', 'homens como são' e 'leis como podem ser'. Não se trata pois de um exame realista da situação política de vários povos, nem um guia de práticas governamentais. O objeto da investigação de Rousseau estaria indicado claramente na frase incial do Capítulo I: 'O homem nasce livre, e por toda parte encontra-se a ferros'. Rousseau demonstra ai a oposição entre a condição natural do homem, de irrestrição de seus impulsos, e a sua condição social que inevitavelmente tolhe essa liberdade. O imperativo, portanto é estudar se a transição da liberdade natural para o condicionamento social é realmente necessária. Dito de outra forma, se esta passagem é condição sine qua non para a sobrevivência e quais as condições em que essa transformação pode operar-se de forma legítima.
Creio ter ampliado o nosso estudo. Acho necessário retomarmos a leitura agora revendo e ampliando as considerações pessoais. Sua contribuição é valiosa, tanto para o blog, quanto para meu crescimento. Obrigado por juntar-se a esse projeto. Um grande abraço.
Querido amigo Dedé,
Gostaria de fazer um pedido, não sei se procede...
Já me vi várias vezes tentada a comprar o livro que você nos oferece em capítulos neste inteligente blog, mas, acho interessante conhecer assim de forma mais lenta e minuciosa tal obra. Então acho que vou protelar a compra do livro para o final das sua publicações aqui neste meio.
Meu pedido é o seguinte: gostaria de ter uma apresentação de todo o livro, em quantas e quais partes é o mesmo dividido. Isto somente para termos uma idéias do que vem pela frente. Quando leio um capítluo sempre fico esperando o próximo com ansiedade.
Um abraço!
Postado por Ana no blog Nosso Mundo (Lá In Nóis) em 5 de Outubro de 2007 11:49"
Cara Ana,
O livro que estou utilizando é um volume de uma coleção chamada "Os Pensadores" da Editora Nova Cultural, edição de 1999. O volume é Rousseau 1. E também o Livro Discurso sobre economia política e Do contrato social, tradução de Maria Constança Peres Pissarra, da Editora Vozes, edição de 1995, também parte de uma coleção maior chamada: Clássicos do pensamento político.
Considero o primeiro melhor que o segundo. Vamos às suas considerações: O Contrato Social é dividido em quatro livros. No primeiro deles Rousseau faz um ataque direto e sem considerações iniciais sobre o problema que sempre o preocupou: positivar qual o fundamento legítimo da sociedade política. No segundo livro discute as considerações e os limites operacionais do poder soberano. Em seguida, no terceiro e mais longo dos quatro livros, Rousseau tece considerações sobre a forma e o funcionamento do aparato governamental, e no último e quarto livro, com excessão do capítulo inicial que faz uma conclusão do livro três, é dedicado a uma série de estudos sobre os sufrágios, as assembléias e certos órgãos e funções governamentais complementares. Este é um esboço geral do livro Do Contrato Social.
Eu havia deixado propositalmente de tecer comentários acerca dos escritos de Rousseau até o término do livro I que ocorreu com a postagem do Capítulo IX - Do Domínio Real. Achei que seria mais prudente iniciarmos, primeiro com uma leitura do Livro Primeiro e só então adentramos aprofundadamente no pensamento do autor. Vejo que talvez não tinha sido um caminho interessante; corrigiremos isso nas próximas leituras. Mas façamos um apanhado de todo o Livro I.
Rousseau inicia o livro I com uma breve advertência que inadvertidamente omiti, mas aqui vai na íntegra:
'ADVERTÊNCIA
Este pequeno tratado foi extraído duma obra mais extensa, outrora iniciada sem que houvesse consultado minhas forças e de há muito abandonada. Dos vários trechos que se podiam tomar ao que estava feito, este é o mais considerável e pareceu-me o menos indigno de ser oferecido ao público. O resto não mais existe.'
Essa obra mais extensa a que o autor se refere era o plano das "Instituições Políticas" posteriormente abandonado por Rousseau. Então o primeiro livro abre-se, após esta advertência, com uma introdução onde se diz que o tratado tem a finalidade de 'indagar se pode existir, na ordem civil, alguma regra de administração legítima e segura, tornando os homens como são e as leis como podem ser'. Segundo Lourival Gomes Machado, é necessário evitar 'armadilhas interpretativas' em expressões como 'regras de administração', 'homens como são' e 'leis como podem ser'. Não se trata pois de um exame realista da situação política de vários povos, nem um guia de práticas governamentais. O objeto da investigação de Rousseau estaria indicado claramente na frase incial do Capítulo I: 'O homem nasce livre, e por toda parte encontra-se a ferros'. Rousseau demonstra ai a oposição entre a condição natural do homem, de irrestrição de seus impulsos, e a sua condição social que inevitavelmente tolhe essa liberdade. O imperativo, portanto é estudar se a transição da liberdade natural para o condicionamento social é realmente necessária. Dito de outra forma, se esta passagem é condição sine qua non para a sobrevivência e quais as condições em que essa transformação pode operar-se de forma legítima.
Creio ter ampliado o nosso estudo. Acho necessário retomarmos a leitura agora revendo e ampliando as considerações pessoais. Sua contribuição é valiosa, tanto para o blog, quanto para meu crescimento. Obrigado por juntar-se a esse projeto. Um grande abraço.
Um comentário:
Caro "irmão de profissão"
(Profissão do ato de professar o pensamento)
A cada leitura me deparo com mais um milhão de novas questões sobre o pensamento de Rousseau, considerado muitas vezes como romantico e simplista por outros filófos do Iluminismo, mas, com certeza um dos pais da ciência política moderna.
Obrigada pela resposta rápida e bem aplicada.
Se possível me mande um email ou um comentário, como preferir, sobre sua opinião pessoal sobre as obras que estamos estudando, por que você acha melhor o primeiro livro citado? É a linguagem? Ou o quê? Findamos o primeiro livro? Não seria bom revermos nossas opiniões pessoais antes de começarmos novo estudo?
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