segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Iniciando o Diálogo sobre Rousseau


Fiquei muito feliz, aliás estou feliz com o alcance do desafio de estudar Rousseau e com a repercussão do blog. Creio que achamos um dos caminhos. O desafio é enorme e fico na dúvida se escolhi o autor correto para iniciar, mas o mais importante é que o primeiro passo foi dado. Também temo cometer heresias na interpretação do pensamento de Rousseau e de sua obra, especialmente do livro "Discurso sobre a Economia Política e Do Contrato Social.
Sou neófito nesse ofício e os riscos são enormes. Mas, desafio é desafio. Vamos à ele.
Nas considerações iniciais o autor fala sobre uma "ordem civil" e, pelas notas de rodapé, não se trata do estudo das relações de homem a homem, mas sim a organização geral da sociedade, os seus princípios fundamentais e as regras institucionais, que são chamadas atualmente de "ordem pública". Pense no desafio do entendimento de uma simples expressão e quão vaga ela pode tornar-se na construção ou demolição de novas e de velhas estruturas de pensamento. Mas quem de nós já não parou para pensar na forma como a sociedade está organizada, com os poderes, teoricamente funcionando em harmonia, e com qual finalidade, tal processo foi construído e por quem? Como ocorre a sua continuidade e o que o legitima? Creio que já adentramos, pelo menos uma vez em tal inquietação. Cabe agora elaborá-la de forma mais ampla e complexa.
Na seqüencia o autor fala do fato dos homens tornarem-se como são e as leis como podem ser, que regra faz isso? Nos moldar a um padrão? Quem define o padrão? Na sua obra 'Emílio' (segundo as notas de rodapé) Rosseau fala que "é preciso estudar a sociedade pelos homens e os homens pela sociedade" (livro IV). O fato é que Rosseau também buscava algo prático com a tal "regra de administração legítima e segura", entendendo-se aqui, ou partindo do entendimento de que tal regra seja adequada aos homens e que possa ser posta em prática, de ação imediata.
No porque escrever sobre política, as explicações demonstram certa acidez com relação aos administradores, o autor diz que não perderia seu tempo dizendo o que deve ser feito, mas sim fazendo ou calando-se, caso fosse príncipe ou legislador. Lembrou-me o discurso do atual ministro da defesa Nelson Jobim, na cerimônia de posse. Será o homem esclarecido? Certamente já leu Rousseau, bem mais que eu.
Por fim a consideração que achei mais interessante, diz Rousseau: "o direito de neles votar basta para impor o dever de instruir-me a seu respeito...". Até então, vinha procurando motivos para estudar a política e a sociedade, mas após ler esse trecho, foi como se uma luz acendesse em algum lugar. Saí das trevas da ignorância. Basta isso, o direito de votar. Isso me remeteu a inúmeras considerações sobre nossa organização social e a desordem atual de nosso país e o descrédito em suas instituições. Voto, e por esse fato, devo estudar, aprofundamento meu pensamento e meu entendimento. Isso mudará alguma coisa na situação atual? Melhorará minha vida e a vida dos meus semelhantes? Mudará a história do meu país? Não sei! Mas sei que se não aprofundarmos nossas inquirições, certamente, as coisas continuarão como estão. Isso é claro.

Nenhum comentário: